sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O palhaço não ri de sí mesmo!





Hoje é dia de guerra
mais um dia de guerra
diariamente perco
parte da esperança e ganho
pedaços de fé.

confuso, além do que sou e do que escrevo é o cotidiano em que vivo
ouço donos da verdade
ouço verdades sem dono
já vi de quase tudo
fui mal interpretado e interpretei mal milhares de vozes nessa nossa vida.

clamei a deus, desafiei o diabo,
procurei o sol e a lua, senti o vento
olhei o céu, busquei oxigênio, arma,
em todos os lugares.
e descobri! hoje é dia de guerra!

portamos fuzis, equipamento bélico moderno
mas, estamos tão desarmados
"desprotegidos", desamparados
mas nunca, nunca, fomos desalmados


esse "hoje" é um presente contínuo que ultrapassa os dias e noites
ultrapassa nossos corpos
desorienta! desnorteia!
vivemos em meio ao conflito, morremos em torno da paz
em nome de alguém... pra que sejamos ninguém...

testemunhamos a sós
nossas utopias,
sonhamos com regras
sonhamos com o outro
beijamos a morte

nossa vida é aquele cochilo guardado na poltrona em dia de domingo
pouca piada e muita gente sorrindo
muito cansaço, muita gente dormindo
pouca piada pra muita gente.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Pelo que a igreja caminha?

ASSASSINATO OBTUSO


"Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali.

Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele.

Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados.

Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora.

Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram dele nada, nem quiseram mais.

Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho, mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora.

Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, e folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dariam ouro por aquilo." como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo. como se dariam ouro por aquilo.

"Contudo, o melhor fruto que dessa terra se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que
Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui esta pousada para essa navegação
de Calicute bastava. Quanto mais, disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber,
acrescentamento da nossa fé!"

a carta.

COMO SE DARIAM POR AQUILO...

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Pra que time você torce?


* esse parágrafo foi extraído do texto DESCARRILHAMENTO E DESAFRICANIZAÇÃO do livro AFROCENTRICIDADE.


 Imagino que muitos Afro-brasileiros tenham negado sua AFRICANIDADE por tanto tempo (várias gerações), aceitando a falsa identidade de serem apenas brasileiros, que não percebem mais o ataque contra seu valor humano e seu bem-estar. Quase como se estivessem num estado de choque extremo, em que o corpo não sente mais a dor, muitos Afro-brasileiros não sentem mais a importância e o valor de serem africanos. são simplesmente brasileiros. Nesse estado de choque cultural, buscam refúgio em declarar e defender a posição do ESTADO de que "somos todos brasileiros", mesmo quando todos os brasileiros não são igualmente tratados ou respeitados. reviva sua ancestralidade, respeite a si mesmo e a luta de seus ancestrais. você foi capturado e trazido pra cá, tudo o que lhe ensinaram é falso!


Wade W. Nobles

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Deseje-se

 


O abuso sexual à mulher africana e à mulher negra brasileira é mais do que abuso: é genocídio, fácil de constatar no crescimento da população mulata e no desaparecimento da raça negra. e este transe foi mais tarde estabelecido em políticas das classes governantes. Um processo de destruição combinado com outros instrumentos agressivos, durante a escravidão, tais como os maus-tratos, as torturas, a desnutrição, o trabalho excessivo; tudo isso conjugado, resultava na taxa extremamente alta de mortalidade infantil, e, através desse fenômeno de extermínio, a raça negro-africana jamais poderia, segundo os cálculos das classes dominantes, se tornar um problema ou uma ameaça. em 1870, a mortalidade infantil entre a população escrava era de 88%: no rio de janeiro, a capital do país, a taxa de MORTALIDADE infantil SUPERAVA a de NATALIDADE em 1,8% (degler, 1971:78). um retrato numérico terrivelmente sombrio para o futuro dos africanos.

O crime de estupro sexual cometido contra a mulher negro-africana pelo branco ocorreu através de gerações. até os filhos mulatos, herdeiros de um precário prestígio de seus pais brancos, continuaram a prática dessa violência contra a negra. como se para aliviar a consciência de culpa, os estratos dominantes ário-masculinos assumem o mulato como uma espécie de chave para a solução do nosso problema racial: na prática, isto significa o principio da liquidação da raça negra simultaneamente com o embranquecimento da população. mas, a despeito de qualquer aparente vantagem em posição social na função de ponte étnica entre pretos e brancos, a posição do mulato na sociedade brasileira, em essência, equivale aquela na qual o negro está situado: o mulato sofre a mesma discriminação, igual preconceito e semelhante desdém; não assumindo sua origem africana, aspirando a ser branco e fingindo pertencer a uma sociedade brancóide que o despreza, o mulato incorpora um personagem trágico, em sua desintegração interior e social: sua única saída está no autodesprezo, na rejeição de seus traços físicos negros e na rejeição da textura de seu cabelo, ainda hoje isso é um fato comum em nosso pais.

Abdias do Nascimento


"... se vocês, homens de Asante, não vão à frente, então nós vamos. Nós, as mulheres, iremos. Eu vou convocar minhas companheiras mulheres. Nós combateremos os brancos. combateremos até a última de nós cair no campo de batalha."

Senhorita Yaa Asntewaa - combatendo a invasão inglesa sobre Gana no final do sec. XIX.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Gestora de Heróis



Se a mulher branca sofre em sua condição de mulher numa sociedade predominantemente patriarcal, a mulher negra tem outro componente que a torna mais discriminada ainda: a cor! duplamente rejeitada, a mulher negra aparece como a empregada doméstica, lavadeira, cozinheira, enfim, realizando os serviços que lhe eram típicos na escravidão. hoje, entretanto, tendo sua mais-valia barbaramente explorada. da ama-de-leite, da menina de recado, da mulher que o homem branco usava quando queria, da cozinheira de forno e fogão, apenas100 anos separam a atual mulher negra daquela da senzala. no entanto, praticamente nada mudou; nem poderia mudar, uma vez que não se modificaram os modos e os meios de produção. mas ela, individualmente, não aceitou assim tão passivamente esta condição, assim como os homens negros (ao contrário do que se pensa e se ensina na escola de método eurocentrico) não foram eternas pretas dóceis escravizadas como tanto se apregoa. a mulher negra participou e liderou várias revoltas em prol da libertação de seu povo. mas ainda hoje continua oprimida racial, social e sexualmente.

Senhorita: Vera Daisy Barcelos


infelizmente, mas é a realidade, a sociedade reserva dois papéis a mulher negra, o de "mulata" e o de doméstica!

senhorita: Lélia Gonzalez